Ele veio para disputar o acirrado mercado do confuso segmento dos SUVs compactos, esses veículos em geral derivados de carros de passeio com características visuais que lembram utilitários de porte maior. O Honda HR-V, segundo a fábrica, é um cruzamento de cupê com minivan – definição que combina bem com suas linhas em que o dinamismo predomina. De minivan ele traz a postura alta do motorista, tão ao gosto do público feminino (e de muitos homens também), que proporciona maior visibilidade à frente e causa impressão de algum poder sobre o mundo ao redor.
Por dentro, o conceito de van domina. O espaço é bom para o porte do carro, tanto na frente como atrás. O acesso é bom por todas as portas – as traseiras com maçanetas externas disfarçadas na coluna, o que externamente faz parecer que o carro só tem duas portas. O bom compartimento de carga pode ser alongado com o rebatimento total ou parcial dos bancos traseiros, coisa normal nesse tipo de carro, mas que a Honda batizou de ULT (Utility Long Tail, outraseira alongada útil), sigla reinterpretada pelo autor do release como Utility Long Tall (utilitário longo alto)...
No painel, uma novidade interessante e, à primeira vista, intrigante: uma longa saída de ar tripla na frente do passageiro. Depois do teste rodoviário do carro, ficamos sabendo que cada segmento libera ar a uma velocidade diferente: alta, média e baixa. Sem indicações visuais, a maioria dos ocupantes do assento do copiloto não irá descobrir para que serve o “ar-condicionado panorâmico”.
O acabamento é muito bom em termos de manufatura em todas as versões. A LX, porém, deixa a desejar pela qualidade tátil dos materiais empregados, muito duros e um tanto ásperos. A versão de entrada tem bancos de tecido bastante confortáveis, porém.
Entre os itens de série, o HR-V traz ar-condicionado, freio de estacionamento elétrico, e sistema de áudio com CD player e entrada USB. As versões EX e EXL têm piloto automático e volante revestido em couro. Na EXL, o ar-condicionado é digital e os comandos são na tela touch screen. Nessa configuração há airbags laterais e sistema multimídia com monitor multi touchscreende 7” e navegador.
Rodando
O HR-V traz elementos de vários veículos da Honda. O conjunto motor é o do Civic: motor 1.8 i-VTEC e transmissão CVT. O câmbio manual existe como opção para a versão de entrada LX, mas só para constar. A fábrica informa que ele não deve ultrapassar um por cento da preferência dos compradores, o que se aproxima muito de zero. A versão topo de linha, a EXL, traz palhetas incorporadas ao volante que permitem aos motoristas usar marchas fictícias, já que o câmbio é de variação contínua. Tração: só dianteira, esqueça aventuras na lama ou na areia.
Na cidade, o HR-V se comporta bastante bem em termos de aceleração e retomadas. O carro também é confortável, exceto em algumas situações como na transposição de lombadas. Na estrada, o ponto alto é a estabilidade em curvas de média e alta velocidade. Por outro lado, o torque oferecido pelo motor 1.8 só se manifesta em alta rotação, o que torna cada ultrapassagem ou retomada um show de sonoridade indesejada: o câmbio faz o motor girar bem alto. Uma curiosidade: o motor não ultrapassa nunca 6.000 rpm, mas não é cortado eletronicamente ao chegar ao limite. Na versão LX, o motor transmite uma certa aspereza, que desaparece nas opções mais caras, possivelmente pelo melhor isolamento da cabine.
Meta de vendas é alta
A Honda confia muito no sucesso de seu novo modelo e programa, inicialmente, vender 50 mil unidades nos próximos doze meses. A marca tem muita força e a meta não chega a parecer exagerada, apesar do mercado em retração e da forte concorrência no segmento. Parte dos compradores, porém, deverá ser de donos de Hondas Fit e Civic, numa migração interna entre os clientes da marca.
Preços públicos sugeridos:
LX MT – R$ 69.900
LX CVT – R$ 75.400
EX CVT – R$ 80.400
EXL CVT – R$ 88.700
Publicado em 16/03/2015
