Motores menores, mais leves, mas ao mesmo tempo mais eficientes e econômicos são uma das correntes abraçadas pela indústria automotiva em todo o mundo, visando especialmente reduzir as emissões de CO2 e outros poluentes. Aqui, no Brasil, a mais recente novidade na área é o novo três-cilindros 1,5 litro da Ford. Ainda sem revelar em que modelo ele irá estrear – tudo indica que será numa versão do novo EcoSport a ser apresentado em breve – ele conta com a maior potência específica do mercado entre os motores naturalmente aspirados, 91,5 cv/litro. São 137,2 cv e 158,5 Nm de torque usando etanol.
O bloco de alumínio e a opção por três cilindros, numa faixa de cilindrada em que o padrão são quatro, diminuiu o tamanho e reduziu o peso em cerca de 10 por cento, em comparação com motores de porte equivalente. O menor tamanho irá ajudar na concepção de futuros modelos, seja aumentando o espaço interno, seja reduzindo as dimensões externas.
Menor peso é um trunfo para qualquer aplicação. Aí vai uma observação: a Ford não revela em que carro ele vai ser usado, mas diz que ele foi classificado pelo Inmetro na categoria A. O Inmetro não faz testes com motores avulsos, mas com carros completos. Isso quer dizer que a fábrica já tem pelo menos um modelo já equipado com o novo motor.
Em detalhes
As novidades do novo motor não se resumem à arquitetura de três cilindros e o bloco de alumínio. Para otimizar sua eficiência, os engenheiros da Ford que participaram de sua criação, na Índia, e de sua adaptação para tornar-se flex, aqui no Brasil, recorreram a vários recursos de engenharia, na maioria já presentes no outro motor tricilíndrico da marca, com 1,0 litro. Entre eles estão o duplo comando de válvulas com tempo de abertura variável tanto na admissão como no escape, quatro válvulas por cilindro, sistema eletrônico de partida a frio por aquecimento dos bicos de injeção, sistema de resfriamento em dois estágios, correia dentada banhada em óleo e coletor de escape integrado ao cabeçote.
O coletor de escape integrado ao cabeçoteé um recurso que ajuda a aquecer mais rápido o catalisador, reduzindo as emissões principalmente quando o motor ainda não atingiu a temperatura ideal de funcionamento.
Uma particularidade do três-cilindros de 1,5 litros é o que a Ford chama de “eixo balanceiro”. Ele é um eixo que gira no sentido contrário ao virabrequim e funciona como um contrapeso, reduzindo as vibrações que, em motores com número ímpar de cilindros, tendem a ser acentuadas. Este eixo é montado em mancais hidrodinâmicos, que também contribuem para diminuir as vibrações.
Outro recurso foi a adoção de uma bomba de óleo variável, que trabalha de acordo com a rotação do motor. Em marcha lenta, é menos exigida e, assim, utiliza menos força e economiza combustível.
As velas de ignição contam com bobinas individuais e são posicionadas no centro da câmara de combustão. Elas podem emitir mais de uma faísca por ciclo. Isso tudo permite uma queima mais homogênea do combustível.
Uma sacada inteligente – verdadeiro ovo de Colombo na engenharia de motores - é o virabrequim com centro de rotação deslocado. O posicionamento assimétrico reduz as forças de atrito e proporciona ganhos de eficiência reduzindo os esforços mecânicos quando os pistões estão no ponto mais alto de rotação.
Uma outra novidade é a correia dentada banhada a óleo (responsável pela movimentação das válvulas), que elimina a necessidade de troca por toda a vida útil do motor – estimada em, no mínimo, 240 mil quilômetros. Uma preocupação a menos para o consumidor.
Agora é só esperar a revelação, prometida para breve, do modelo “premiado” com o novo motor. Muito provavelmente, ela irá ocorrer no Salão do Automóvel de Buenos Aires, na Argentina, que acontece no mês que vem.
Publicado em 10/05/2017
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