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  • Roda Livre: fim dos radares mancha Maio Amarelo
  • O presidente não gosta de multas e promete acabar com radares. Uma péssima ideia
  • Por Jorge Meditsch

    O mês está acabando e, com ele, o Maio Amarelo, um período de reflexão e promoção da segurança no trânsito. Na contramão do movimento, o presidente Jair Bolsonaro voltou a pregar contra a fiscalização da velocidade e pelo aumento da tolerância para infratores.

    Bolsonaro, que já havia ordenado o fim dos radares fixos nas rodovias federais, agora quer terminar também com os equipamentos móveis. Na prática, está liberando a velocidade nos cerca de 65 mil quilômetros de BRs. Obedecer ou não às placas de limite de velocidade será uma opção pessoal de cada motorista.

    Completando a obra, o presidente decidiu dobrar o limite de pontos no prontuário necessários para que os infratores percam o direito de dirigir. Na realidade, sua intenção era triplicar, mas houve muitas reações ao contrário. Segundo o presidente, a maioria das infrações não é intencional: estacionamento em lugar proibido, falar no telefone ao dirigir, não usar cinto de segurança, levar crianças no banco da frente, desrespeitar faixas de segurança e outras situações semelhantes, não passa, em geral de ‘descuido’ ou ‘distração’. É preciso proteger os descuidados...

    As razões dos limites

    A velocidade máxima nas estradas não é uma determinação arbitrária. As rodovias são projetadas e construídas segundo o que se chama ‘velocidade diretriz’, dentro da qual os carros e seus passageiros podem rodar com segurança e conforto. Essa velocidade pode variar conforme a visibilidade, movimento, proximidade de áreas com pedestres, cruzamentos, entradas e saídas de cidades e postos de serviço e outros critérios lógicos.

    O fator conforto é importante: embora um carro-esporte como um Porsche ou uma Ferrari possa fazer com relativa segurança a 150 km/h uma curva onde a velocidade permitida é 80 km/h, seus passageiros serão ‘centrifugados’ para o lado externo da rodovia com bastante força. Ninguém se divertirá com isso além do ‘piloto’ ao volante.

    Limites de velocidade não são escolhidos ao acaso. Eles garantem a convivência entre veículos e motoristas diferentes no mesmo ambiente

    A diferença técnica entre os veículos é outro problema levado em conta. Nas rodovias, precisam conviver em harmonia de Fusquinhas a Mustangues, além de caminhões de portes variados. Liberar carros velozes para andar em ziguezague em torno dos outros não é uma boa ideia. Além disso, na estrada você encontra desde ases do volante a professoras velhinhas e caipiras de chapéu – cada um dirigindo dentro de sua faixa de conforto e capacidade.

    Carros freiam de forma diferente uns dos outros. Caminhões precisam de muito espaço para diminuir a velocidade. Carros de passeio lotados e com muita bagagem também.

    Cada um por si

    Há mais de 150 anos, na Batalha de Riachuelo, o Almirante Barroso proclamou aos seus comandados: ‘O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever’. O slogan continua válido na batalha do trânsito.

    Ao que parece, maio de 2019 vai marcar o início de uma fase de selvageria nas rodovias federais. Os próprio policiais rodoviários já se mostraram apreensivos. E eles sabem o que a velocidade excessiva pode causar. Resta esperar que o bom senso prevaleça, pelo menos para a maioria dos motoristas. E salve-se quem puder.

    Nas ilustrações acima, uma sugestão para as placas de trânsito da nova era.

    Publicado em 30/05/2019


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