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  • A última semana de antigamente: uma viagem com a Nissan Frontier
  • Na última semana em que ainda era possível andar por aí livremente, experimentamos todas as versões da Nissan Frontier no asfalto e, principalmente, em caminhos de terra
  • Por Jorge Meditsch

    Faz só duas semanas, mas aconteceu em tempos que já parecem um tanto distantes. Ainda era possível andar por aí, curtindo e conhecendo lugares legais e a companhia de amigos e colegas. Naquele tempo – no início de abril - a Nissan promoveu um teste em condições reais de sua linha de picapes Frontier 2020. Uma frota de 11 unidades do carro, apoiada por mais cinco, levou - ou foi levada por um grupo de jornalistas e blogueiros por caminhos entre Brasília e a Chapada dos Veadeiros, no norte de Goiás.

    Foram quatro dias e cerca de mil quilômetros rodados, experimentando as quatro versões da Frontier no asfalto e em estradas de terra incluindo trechos mais ou menos complicados. Se não chegamos a enfrentar lamaçais, não faltaram obstáculos como fortes erosões e até uma meia-dúzia de travessias de rios. Na região, o solo é naturalmente pedregoso, o que em geral evita a formação de lama, mas transforma qualquer viagem numa massagem vibratória constante, que nem os bancos “gravidade zero” da Nissan conseguem evitar.

    Nenhuma das picapes recebeu preparação específica para off-road. Para começar, estavam equipadas com pneus de uso misto mais voltados para andar na cidade, com exceção da versão Attack, calçada com pneus um pouco mais agressivos. O modelo mais ‘manso’, a versão S, de entrada, com tração traseira e câmbio manual, não chegou a mostrar dificuldade para cumprir o percurso.

    Um motor, duas versões

    A Frontier S conta com motor diesel de 2,3 litros turbo com 160 cv e 41 kgfm de torque. Nós usamos uma no último dia da expedição, que incluiu dois dos trechos mais exaustivos de estradas de terra, na ida e volta até a Reserva Bellatrix, onde fica a Cachoeira do Label, a maior do estado de Goiás, com 187 metros de altura. Da sede da reserva até a queda d’água há uma trilha que exige uns 45 a 50 minutos de caminhada puxada – mas isto é outra conversa.

    Muita erosão e buracos pelo caminho, e a condução da Frontier S exigiu trocas constantes de marchas para manter o ritmo com o resto do comboio. Deu para cansar um pouco. O importante é que, mesmo 4x2, a picape passou sem sustos por todas as dificuldades da estrada, inclusive a travessia de dois riachos com pedras soltas no leito e entradas e saídas bem inclinadas. Custando R$ 143.850, a S tem um interior que, embora confortável, é franciscano: nem tela digital, nem ao menos um rádio. E nem pensar em porta-copos.

    A Nissan oferece o mesmo motor em duas versões: para a S, com um único turbo e, nas outras versões, com dois. Mesmo a opção mais fraca cumpre bem seu papel, embora exigindo muitas trocas de marcha no câmbio manual.

    Cuidado: sistema 4x4 não tem diferencial intermediário

    As outras três versões da Frontier contam com um câmbio automático de 7 marchas bem dimensionado para o motor, que é o mesmo da S, porém com dois turbos. Isso faz com que atinja 190 cv, com torque de 45,9 kgfm e proporcione respostas mais rápidas ao acelerador. Elas contam com tração 4x2, 4x4 e 4x4 reduzida, selecionável por um botão rotativo no painel. As opções de tração integral só devem ser usadas em caminhos de terra, areia ou lama. Isso porque, numa medida claramente voltada a manter os custos baixos, a Nissan optou por não dotar a Frontier de diferencial central, dispositivo que administra a dose de torque distribuída entre as rodas dianteiras e traseiras conforme o uso. Sendo assim, se o 4x4 for acionado no asfalto, corre o risco de provocar uma quebra. Mas nada disso aconteceu e todas as picapes participantes e das equipes de apoio completaram a viagem sem problema algum.

    O primeiro carro que usamos (meu companheiro de aventura foi o jornalista Vitor Pinto, de Belém do Pará) foi a topo de linha LE. No tour realizado em Brasília, antes de cairmos na estrada, e no trecho de asfalto de uns 250 quilômetros até Alto Paraíso, no norte de Goiás, ela se mostrou um veículo bastante confortável. Um senão, na estrada, foi o ruído do vento dentro da cabine totalmente fechada em alta velocidade. Provavelmente ele seja provocado pela configuração dos retrovisores externos – um probleminha que poderia ser resolvido facilmente com algum trabalho no túnel de vento.

    Preço faz da Attack uma boa opção dentro da linha

    Equipada com toda a eletrônica digital hoje disponível no mercado, a LE oferece também vista de 360º através de quatro câmeras combinadas, o que facilita bastante nas manobras de estacionamento e, até mesmo, na transposição de alguns trechos mais difíceis de caminhos acidentados. O sistema de infoentretenimento permite espelhar o celular na boa tela de toque, o que facilitou o uso de aplicativo com mapa do percurso. Tudo por R$ 201.850.

    Nossa outra experiência foi com a Attack, a versão automática de entrada. Ela se caracteriza pela aparência agressiva, numa proposta de atrair quem gosta de mostrar espírito aventureiro. Os pneus de perfil alto, com sulcos maiores facilitam ainda mais o uso na terra mas, basicamente, ela oferece os mesmos recursos operacionais da XE e da LE: bons ângulos de entrada e saída, diferencial traseiro com deslizamento limitado e controle de tração individual nas rodas através de frenagem seletiva. Ela é uma boa opção em termos de preço, menos de R$ 20 mil mais cara que a S. Custa R$ 160.850.

    Uma boa iniciativa da Nissan, esta modalidade de experiência prática com seus carros em condições de uso reais e até mais puxadas do que a maioria dos usuários enfrenta normalmente. Dá muito trabalho para os organizadores e exige uma coisa dos participantes que nem sempre é fácil: se dispor a ficar fora de casa e das redações por pelo menos cinco dias.

    Valeu a pena, pela experiência e pelo convívio. E foi uma viagem histórica: a última da era pré-coronavírus.

    Publicado em 24/03/2020

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