A cada tecnologia que chega ao mercado, os consumidores mais velhos, geralmente mais conservadores, tendem a apresentar mais resistência à novidade e, nos casos em que é inevitável aderir a ela, geralmente sofrem mais para se adaptarem. Isso também acontece com os carros autônomos, que estão em desenvolvimento acelerado e vão ganhar as ruas nos próximos anos, com um agravante: como confiar a sua segurança e da sua família 100% a um automóvel que roda sem um motorista ao volante?
Pesquisa da J.D.Power realizada entre fevereiro e março do ano passado, com 7,9 mil entrevistados, dá uma ideia disso. Os chamados “millenials” ou geracão Y, formada por jovens que recém estão tirando a primeira habilitação, é a que encara com maior naturalidade a chegada dos carros-robô: nessa geração, acostumada às redes sociais, às pesquisas no Google e aos smartphones, 56% dos participantes da pesquisa disseram confiar nos carros autônomos, ao passo que entre os “baby boomers”, nascidos logo após a Segunda Guerra Mundial (e que hoje têm mais de 70 anos), esse índice cai para 23%.
A desconfiança da velha geração fica ainda mais evidente ao verificar que 39% dos “baby boomers” dissseram “definitivamente não confiar” nas tecnologias de condução autônoma,, contra apenas 18% dos jovens.
De acordo com avaliação da J.D. Power, o nível de confiança dos consumidores nos carros robotizados é diretamente proporcional ao nível de interesse em novas tecnologias. De acordo com o instituto de pesquisas, essa desconfiança tende a cair à medida que o público tiver mais contato e informação a respeito de veículos autônomos, ressaltando que tudo depende de os carros autônomos não se envolverem em acidentes.
As críticas e questionamentos sobre a confiabilidade desses automóveis cresceram no ano passado, quando houve uma série de incidentes envolvendo modelos da Tesla equipados com o Autopilot, sistema beta que traz recursos autônomos para uso predominantemente em rodovias – inclusive a morte do motorista de um Model S que bateu em uma carreta em uma rodovia da califórnia. A Tesla alegou na ocasião que se trata de uma tecnologia ainda em fase experimental, que exige a atenção constante do condutor para assumir o controle imediatamente, em caso de necessidade.
Por outro lado, em defesa da Tesla está a própria percepção do mercado em relação à segurança proporcionada pelos veículos autônomos. Analistas indicam uma tendência de redução no valor do seguro desse tipo de automóvel e há rumores de que a própria Tesla estaria planejando entrar nesse mercado, oferecendo ela mesma cobertura aos seus veículos.
Publicado em 28/06/2017