01/04 - Após o veto pessoal do presidente Jair Bolsonaro à instalação de radares em rodovias federais, o governo cogita agora eliminar os limites de velocidade nas estradas em todo o país. A medida só não valeria para áreas próximas a escolas.
“O motorista é o melhor juiz para determinar qual a velocidade segura em cada local”, avalia Otávio Von Stuck, conselheiro recentemente nomeado coordenador do CONATRAN. “Nossas estradas são muito variadas e é impossível adotar normas uniformes para toda elas. Não faz sentido impor o mesmo limite a um carro popular e um modelo importado de alto desempenho, por exemplo.”
Para os defensores da liberação geral, uma vantagem adicional será a redução da necessidade de efetivos da Polícia Rodoviária. “Sem precisar patrulhar grandes trechos, os policiais poderão se dedicar mais ao atendimento a acidentes e orientação do trânsito em engarrafamentos e repressão ao tráfego de drogas, por exemplo.”
As empresas de seguros não reagiram bem à possibilidade da revogação dos limites. “A experiência mostra que os acidentes aumentam com o aumento da velocidade. Os carros modernos podem gerar muita autoconfiança nos motoristas, que não estão preparados para reagir a situações de emergência em altas velocidades.”
A medida, se adotada, será inédita no mundo. A Alemanha tem algumas super-rodovias com velocidade liberada, mas na maioria das estradas há limites estabelecidos. A política do livre arbítrio no trânsito, na prática, só existe em países e localidades onde não há fiscalização.
Publicado em 01/04/2019