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  • Lei pode desfigurar a legislação de trânsito no Brasil
  • O conjunto de mudanças dobra a pontuação de multas permitida na carteira dos motoristas e aumenta de 5 para 10 anos o intervalo entre os exames médicos, além de retirar a obrigatoriedade da cadeirinha de segurança para crianças
  • Por Jorge Meditsch
  • O Idec, ONG de Defesa do Consumidor, enviou a líderes partidários e de bancadas da Câmara dos Deputados, em Brasília, um ofício solicitando a retirada do pedido de urgência para a votação do Projeto de Lei 3267/2009, que flexibiliza regras de segurança no trânsito. Com a análise do pedido de urgência marcada para esta quarta-feira (03), o projeto pode ser colocado em votação nas próximas sessões do Congresso.

    O conjunto de mudanças, apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro há cerca de um ano, dobra a pontuação de multas permitida na carteira dos motoristas e aumenta de 5 para 10 anos o intervalo entre os exames médicos, além de ter ficado conhecido por retirar a obrigatoriedade da cadeirinha de segurança para crianças nos veículos.

    As medidas foram duramente criticadas por especialistas em diversos setores de medicina no trânsito, de mobilidade urbana e de segurança no trânsito por contrariar todas as proposições de entidades especializadas em segurança do trânsito, assim como com recomendações da Organização Mundial de Saúde.

    O Brasil atualmente é o terceiro país no mundo com mais mortes no trânsito. 35.374 vidas foram perdidas no trânsito em 2017

    Para Rafael Calabria, pesquisador em Mobilidade Urbana do Idec, o PL viola acordos internacionais assinados pelo País, o que pode levar à perda de investimentos em segurança no trânsito que vinham sendo realizados até o momento. “As novas medidas caminham no sentido de enfraquecer a qualidade da fiscalização e garantia de segurança no trânsito, estimulando o comportamento imprudente e diminuindo as garantias de qualidade média dos condutores no País”, afirma.

    Após ser apresentado em junho de 2019, foi criada uma comissão especial na Câmara para debater o projeto, mas não houve avanço na discussão e correção dos principais problemas. Durante a pandemia o assunto havia saído da pauta, mas agora o governo tenta colocar urgência em sua aprovação.

    “Além das mudanças colocarem em risco a população, o momento de crise sanitária que o Brasil enfrenta em um dos seus piores momentos na pandemia deixa claro que as prioridades do Governo Federal e Congresso deveriam ser outras”, reforça Rafael Calabria. O Brasil atualmente é o terceiro país no mundo com mais mortes no trânsito, segundo o estudo mais recente da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre o tema. Pela base do Datasus, do Ministério da Saúde, foram 35.374 vidas perdidas no trânsito em 2017.No ano passado, o Idec e diversas outras entidades assinaram uma nota pública em que repudiavam “as alterações com possível impacto no número de mortes e lesões no trânsito propostas no PL 3267/19, por considerar que estas têm o potencial de aumentar significativamente a insegurança no trânsito, a tragédia social por ela gerada e, em última análise, os custos diretos e indiretos à saúde pública impostos pelo aumento de mortes e lesões no trânsito.”

    Publicado em 02/06/2020


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