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  • Coluna de Wagner Gonzalez
  • Férias na F-1 ainda não terminaram
  • Categoria volta à ativa no final do mês, enquanto isso não faltam histórias
  • Por Wagner Gonzalez

    O ritmo intenso do calendário da Fórmula-1 impôs o intervalo de aproximadamente um mês durante o auge do verão europeu, o mês de agosto. Este ano o hiato acontece entre os GPs da Bélgica, disputado dia 23 de julho, e dos Países Baixos, marcado para 27 de agosto. Descontados os dias de retorno às bases e a preparação para o reinício do campeonato, sobram três semanas de suposta inatividade das 10 equipes que disputam a categoria.

    O termo “suposta” se justifica pela movimentação entre dirigentes de equipes, promotores e a própria Federação Internacional do Automóvel (FIA), entidade que controla o automobilismo esportivo em todo o mundo. Os tópicos variam desde a discussão do uso da asa móvel, passam pela renovação de contratos atuais, como o de Charles Leclerc com a Ferrari, a demanda da Williams para obter autorização para superar o teto de gastos e equiparar seu parque tecnológico com os dos rivais, e até mesmo o futuro de Max Verstappen, que em 2024 deverá se envolver com uma equipe da categoria GT3 em parceria com a Ford, que em 2026 retorna oficialmente à F-1 como parceira da equipe Red Bull.

    A asa móvel ou Sistema de Redução de Arrasto (DRS na sigla em inglês) foi uma solução adotada a partir do GP da Austrália de 2011 para aumentar as chances de ultrapassagens. Naquela época um carro conseguia se aproximar e praticamente colar na traseira do que ia à sua frente, mas não tinha potência suficiente para superá-lo. O uso da asa móvel diminui a resistência ao ar (drag) e permite ganha cerca de 10 km/h nos trechos em que o uso do artifício é permitido, os chamados “DRS Zones”.

    Um estudo da FIA pode proibir o uso do DRS nas provas de classificação, algo que poderá interferir pouco ou nada no resultado das corridas.

    A superioridade esmagadora dos carros da equipe Red Bull, vencedores de todas as provas disputadas na atual temporada, esquentou a discussão contra o uso do equipamento. Nada de novo: há críticas contra o artefato desde sua criação, especialmente pelo fato de que o piloto que está à frente não tem como se defender da ultrapassagem que está prestes a sofrer. Um estudo da FIA pode proibir o uso do DRS nas provas de classificação, algo que poderá interferir pouco ou nada no resultado das corridas. O que se pode ler nas entrelinhas é que tal experiência poderia levar à proibição total do sistema, o que impactará diretamente no desempenho dos carros da Red Bull, projetos considerados como aerodinâmica sem igual. As formas de sua carenagem, apêndices aerodinâmicos e assoalho esculpido tornam imbatíveis os monopostos concebidos por Adrian Newey. De acordo com o site Auto Motor und Sport, no recente GP da Bélgica seus carros alcançaram 340,8 km/h com a asa móvel aberta, contra 333,0 km/h dos Mercedes.

    Charles Leclerc é, há tempos, um dos protegidos da Ferrari, que o apoiou nas categorias de formação e na sua adaptação ao mundo da F-1. Dito isso não é de espantar que o se espantar a notícia publicada no site francês Sportune: a Scuderia ofereceu ao monegasco a extensão de seu contrato atual, que expira em 2024, em dois estágios, uma para 2025/6 e outra para 2027/28/29. Fala-se que ele poderia receber um total de€185 milhões, algo próximo de um R$ 1 bilhão. A mesma notícia menciona que o piloto também estaria conversando com Alpine, Aston Martin, Mercedes e até mesmo Red Bull. A situação de Carlos Sainz parece mais distante de uma solução: seu nome é ligado à Audi que estreia na categoria em 2026, operando a partir da estrutura da atual Sauber-Alfa-Romeo. A ida do espanhol ao time alemão ganha força graças à ligação do seu pai à Audi nas provas de off road.

    Tal qual o DRS, o limite de gastos anuais de cada equipe instituído em 2021 é outra tentativa de dirimir as diferenças entre equilibrar o desempenho das equipes. Como não há nada perfeito na face da Terra, a ideia começa a enfrentar situações não analisadas no processo de criação dessa norma: equipes menores, em especial a Williams, ficaram muitos anos sem investir em tecnologia por falta absoluta de recursos e agora têm reduzidas suas possibilidades de se equiparar às rivais bem-sucedidas. Diante disso o time inglês pleiteia autorização para gastar um montante extra para investir em equipamentos de ponta, tais como simuladores e túnel de vento. A ideia pode naufragar diante de outra característica das equipes: olhar para os próprios interesses e não os da categoria.

    Próximo de conquistar seu terceiro título consecutivo de forma antológica, Max Verstappen admite que poderá montar sua própria equipe para disputar o Campeonato Mundial de Resistência (WEC) na categoria GT3. Atualmente ele e seu nome já marcam presença em equipes de e-sports, no Campeonato Alemão de Turismo (DTM), e no rally. O piloto já admitiu seu desejo de disputar provas de resistência, como as 24 Horas de Le Mans, quando abandonar a F-1, algo que parece ainda distante. Recentemente a Ford anunciou seus planos de disputar o WEC em 2024, incluindo a prova francesa, com o Ford Mustang GT3. Talvez por coincidência, ou pura provocação, o carro, que ainda está em desenvolvimento, já foi visto com a carroceria ostentando um grafismo que remete às cores da Red Bull: azul, vermelho e, para disfarçar, laranja em vez de amarelo. As fotos de divulgação, porém, mostram o carro sem pintura.

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    Publicado em 09/08/2023


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