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  • Apesar do projeto já antigo, hatch compacto da Nissan tem mecânica competente e traz o essencial
  • Por Alessandro Reis

    Apesar da crescente preferência pelos SUVs, que já correspondem a pouco mais de 24% das vendas no país, o segmento de hatches compactos ainda é o mais relevante em volume, respondendo por quase 29% dos emplacamentos. Não é por acaso: os hatches são exatamente os modelos mais acessíveis que existem.

    Pensando no fator preço, acima de qualquer outro, o Autoestrada dá início à série "Pacote básico", que traz avaliações de hatches compactos na sua versão de entrada, a mais simples e barata. O objetivo é saber se eles valem o que oferecem - afinal, são muitas as opções disponíveis e a concorrência é forte.

    Com preço sugerido de R$ 46.490 na configuração o Nissan March 1.0 S é o modelo que inaugura a série, onde o que mais importa é o custo-benefício. Lançado no Brasil em 2011, vinha inicialmente importado do México, mas em 2014 inaugurou a fábrica de Resende, no Rio de Janeiro, onde é produzido juntamente com o sedã Versa e o SUV Kicks. Também foi em 2014 que o hatch foi rebatizado como "New March" e recebeu modificações na grade dianteira e nos para-choques. Desde então, não recebeu mudanças significativas, mas novidades estão confirmadas (leia mais abaixo).

    Começando pelo preço, o March 1.0 S está dentro da média para seu segmento, custando um pouco mais que rivais em configurações de entrada como Volkswagen Gol 1.0 e Chevrolet Onix Joy 1.0, ambos com tabela de R$ 44.990. Também custa um pouco mais que o Ford Ka S 1.0, que sai por R$ 47.990, e também cobra mais que o Fiat Uno Attractive 1.0 (R$ 42.990). Ao mesmo tempo, o March básico é mais barato que o Renault Sandero Authentique 1.0 (R$ 47.990). Na comparação de preços, não incluímos subcompactos como Renault Kwid e Fiat Mobi, que são menores e mais em conta nas versões mais simples.

    O que ele traz

    Pelo preço de R$ 46.490, o March básico traz itens que são hoje quase obrigatórios em compactos, mesmo na versão de entrada: tem ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos, direção com assistência elétrica, limpador e desembaçador traseiros, banco do motorista com ajuste de altura, alarme, som com Bluetooth e computador de bordo com consumo médio e instantâneo. Na linha 2019, lançada em agosto, essa versão ganhou maçanetas pintadas na mesma cor da carroceria, volante com regulagem de altura e abertura das portas por telecomando - o exemplar avaliado e fotografado é da linha 2018 e não conta com esses equipamentos.

    Vale lembrar que por R$ 1 mil a mais, você compra o March SV 1.0, que acrescenta quatro alto-falantes (o básico tem só dois), comandos de áudio e telefone integrados ao volante, vidros elétricos traseiros, rodas de liga leve de 15 polegadas (na versão S elas são de aço, têm 14 polegadas e trazem calotas) e retrovisores externos elétricos. Pela diferença pequena no preço, a configuração intermediária é mais atraente no que se refere a itens de série.

    Foco no baixo consumo

    Quanto ao desempenho, o March 1.0 S tem foco na economia de combustível e não oferece acelerações empolgantes, até porque essa não é a sua proposta. O motor 1.0 flex de três cilindros é competente, trazendo duplo comando de válvulas e quatro válvulas por cilindro, capaz de render 77 cv de potência e torque de 10 kgfm a 4.000 rpm. Com o carro vazio, a performance é satisfatória, mas começa a faltar fôlego com mais peso a bordo e o ar-condicionado ligado. A contrapartida é o consumo - nas nossas medições via computador de bordo, com etanol no tanque, conseguimos 11 km/l na estrada e cerca de 8 km/l na cidade, números próximos dos 10,5 km/l e 8,8 km/l informados, respectivamente, pela Nissan com o mesmo combustível. Com gasolina, a montadora diz que o consumo é de 15 km/l em ciclo rodoviário e de 12,9 km/l no urbano.

    Versão 1.0 S traz sistema de som e rodas de aço estampado

    Quanto à dirigibilidade, o March se destaca pela direção elétrica, super leve em manobras de estacionamento, mas que vai ficando mais firme à medida que a velocidade sobe. As suspensões trazem bom equilíbrio entre conforto, filtrando bem as imperfeições do solo e evitando inclinações excessivas da carroceria em curvas. Este repórter até pegou uma estradinha de terra com o March e ele encarou os poucos buracos e desníveis da via com competência. Por outro lado, o nível de ruídos e os engates do câmbio manual de cinco marchas ainda ficam devendo a outros concorrentes.

    A cabine, por sua vez, traz peças bem encaixadas, mas há excesso de plásticos rígidos e muita simplicidade, compensados em parte por alguns detalhes na cor prata. A posição de dirigir é um pouco elevada e os ajustes de altura no volante e no banco do motorista ajudam a encontrar a posição ideal. Com entre-eixos de 2,45 m, o March tem espaço dentro da média para as pernas no banco de trás, onde dois viajam com algum conforto, desde que não tenham estatura muito elevada - com 1,70 m, o passageiro não passa aperto. Nada de muito diferente na comparação com outros modelos na mesma faixa de tamanho e preço, mas o hatch da Nissan peca na capacidade do porta-malas, de apenas 265 litros, perdendo, por exemplo, para o VW Gol (285 litros).

    Pós-venda

    Considerando o seguro, o March 1.0 S tem custo médio de R$ 2.229 de acordo com cotação da Bidu, enquanto as revisões são realizadas a cada 10 mil km, com preço fixo e valores bem competitivos. A Nissan cobra atualmente R$ 216 pela primeira, R$ 466 pela segunda, R$ 315 pela terceira, R$ 551 pela quarta, R$ 315 pela quinta e R$ 466 pela sexta, com 60 mil km rodados. Os valores incluem a mão de obra e podem ser parcelados em três vezes.

    No geral, o March é um compacto competente, embora custe mais que alguns concorrentes diretos e tenha um projeto já defasado - ele contra-ataca com preços atraentes no pós-venda e baixa desvalorização. Segundo levantamento da consultoria KBB (Kelly Blue Book Brasil) ,o hatch da Nissan é o hatch compacto que menos desvaloriza no primeiro ano de uso, com 3,1% de depreciação - o percentual vai a 13,6% no segundo.

    Segurança

    Quanto à segurança, o March traz os obrigatórios ABS e airbag duplo, mas não conta com controles de tração e estabilidade nem Isofix em nenhuma configuração - o último item está disponível no Versa, que compartilha plataforma e mecânnica com o hatch. Além disso, o Nissan March foi mal avaliado em teste de impacto do Latin NCAP realizado em julho passado, quando foi avaliado com apenas uma de cinco estrelas na proteção para adultos e duas para crianças. Pesaram contra a ausência dos citados Isofix e controle de estabilidade, bem como estrutura "instável" na batida.

    Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil, confirmou em agosto que March e Versa vão receber uma reestilização nos próximos dois anos, antes da chegada de uma nova geração. A atualização manterá a plataforma atual e não a base do novo March lançado na Europa, mais moderno, sofisticado e caro. A atualização do hatch e do sedã compactos demandará investimento de US$ 40 milhões na planta de Resende, que inclui aumento na capacidade produtiva dos atuais 160 mil veículos/ano para 200 mil. Boa parte da expansão será relacionada ao Kicks, que hoje responde por cerca da metade dos veículos fabricados na planta fluminense.

    No acumulado de janeiro a setembro, o March soma apenas 9.654 unidades emplacadas, muito abaixo dos 146.217 emplacamentos do Chevrolet Onix, o modelo mais vendido do país, no mesmo período. Também fica bem atrás do Kicks, 15º no ranking geral (33.785 unidades) e do Versa (25º, com 20.550 emplacamentos).

    Publicado em 08/10/2018


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