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  • up! - o bom senso está de volta
  • Por Jorge Meditsch

    Há coisa de uns cinquenta anos, a Volkswagen usava o slogan “O Bom Senso sobre Rodas” para anunciar o Fusca. Eram outros tempos – o próprio apelido Fusca ainda não era consagrado – e, como indicadores do bom senso, a fabricante apontava a economia de combustível, a dirigibilidade no trânsito e a capacidade de transportar até cinco pessoas, tudo por um preço inferior ao dos outros carros da época.

    Um apelo ao bom senso faz sentido nos dias de hoje, quando os carros dos sonhos da classe média passaram a ser os anacrônicos, caros e pesados utilitários “esportivos”. A incoerência começa pela designação contraditória, passa pelos altos preços e culmina no tamanho externo exagerado, peso e alto consumo.

    É em tempos assim que a Volkswagen faz seu lançamento mais importante desde a chegada do Gol, há mais de um quarto de século. O up! é a volta do conceito que criou a marca – o “carro do povo”.

    Por trás da cara simpática, porém simples, o novo Volkswagen é um carro revolucionário. Por um preço que se espera ser razoável, ele oferece um razoável nível de conforto, um motor com potência suficiente para seus propósitos e acabamento aparentemente superior à média dos concorrentes.

    O up! também traz para o Brasil um importante avanço tecnológico. Quem confunde tecnologia com pirotecnia eletrônica pode até achar que não, mas o carrinho é avançado desde o projeto e suas maiores novidades técnicas são invisíveis, como a estrutura leve e reforçada que usa aços e técnicas especiais, a segurança acima da média em caso de colisões e o trem de força mais econômico disponível no país.

    Quando se falava, já há muitos meses, que o up! brasileiro seria diferente do fabricado na Europa, havia o temor de que o modelo passasse por um “downgrade” tecnológico, que a adaptação local não acompanhasse o projeto original. Mas as diferenças são poucas, lógicas e não comprometem o conceito deste popular do século 21.

    O up! nacional tem porta-malas maior, permite que três pessoas se sentem na parte de trás, é cerca de 25 milímetros mais alto para enfrentar nossa buraqueira e tem estepe igual às rodas normais (na Europa ele é substituído por um kit de reparo instantâneo). Em linhas gerais, é só.

    Na mecânica, além da “flexibilização” do motor, a VW brasileira optou por usar o mesmo câmbio da linha Gol, que é seis quilos mais pesado do que o do up! europeu. A opção aproveita a escala de produção da caixa brasileira para segurar custos e não chega a comprometer nem o desempenho nem a economia.

    O bom senso do up! aparece na alternativa encontrada para oferecer um sistema de som, telefonia e navegação acessível sem comprometer sua eficiência. O “Maps & More”, equipamento opcional, é centrado numa pequena tela de toque colocada ao centro do painel e traz todas as funções normalmente associadas a sistemas bem mais caros presentes em carros de maior luxo.

    A seu favor, o up! traz um estilo leve e descontraído, um ar descolado que, em tese, deverá desmontar preconceitos na hora do consumidor mais sofisticado fazer sua opção de compra. Se fizer sucesso, poderá até mesmo criar uma tendência, de marcar a volta do bom senso ao mundo do automóvel.

    Publicado em 30/01/2014


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