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  • Vitória em Monza ressuscita Gasly e pódio inédito dá mostras de quem vem por aí
  • Por Wagner Gonzalez

    A vitória de Pierre Gasly no GP da Itália provocou reações das mais variadas, variando da perseverança do francês de 24 anos, demitido da equipe Red Bull no ano passado, passando pela derrota da Mercedes e chegando ao processo que levou o diretor Michael Masi a interromper a prova por cerca de meia hora. Seja qual for o argumento explorado, a realidade é que o inesperado pódio que incluiu Carlos Sainz Jr e Lance Stroll mostrou ao mundo a nova geração de pilotos que se destacam em equipes médias.

    O filho de Jean-Jacques e Pascale Gasly tem no DNA uma boa dose de automobilismo: seu avôs paternospraticavam o kartismomuito antes de Pierre nascer, em 7 de fevereiro de 1996. O avô Jean fez parte da equipe nacional francesa em 1961 e a avó Évelyne foi campeã regional da Normandia; o pai foi campeão francês de endurance com um Peugeot 205 e dois dos seus quatro irmãos também são kartistas.

    A relação da família com automóveis tem também uma página menos alegre: em julho de 2016, a caminho de Silverstone para disputar uma prova da GP2 (atual F2 FIA), o carro em que ele e sua mãe viajavam e era conduzido por seu chefe de equipe, capotou. Ele saiu praticamente ileso, mas Pascale ficou hospitalizada por 90 dias. No sábado a vitória com 9”422 de vantagem sobre Antonio Giovinazzi foi dedicada a ela.

    Há anos a persistência de Pierre Gasly é colocada à prova por um personagem que voltou às manchetes com seu triunfo em Monza: Helmut Marko. O austríaco que atua como consultor da Red Bull preteriu o francês em favor de Daniil Kvyat em 2017 e em 2019 o rebaixou do posto de companheiro de Max Verstappen para a Toro Rosso, trocando-o de lugar com Alex Albon. A lista de pilotos que tiveram suas carreiras drasticamente afetadas por Marko é longaeGasly é o primeiro a responder com uma vitória na equipe B do Reino do Touro Vermelho. A opção de permanecer sozinho no pódio, refletindo sobre uma conquista inédita tem muito a ver com tudo isso.

    Carlos Sainz Jr. também já sentiu na pele os métodos de Marko, situação que de certa maneira vive na McLaren: no final do ano ele muda seu endereço de Woking para Maranello, o que faz o time inglês dar certa preferência a Lando Norris. Já Lance Stroll (29/10/98), mais jovem que Gasly (7/2/96) e Sainz Jr (1/9/94), pode concentrar-se na evolução da sua carreira sem maiores preocupações. Seu pai Lawrence é o dono do time. Por mais que o resultado de Monza tenha sido inesperado, a juventude do trio dá uma ideia do que vem pela frente.

    O futuro dos três parece tão promissor quanto incerto: em particular, há dúvidas se Gasly – magistral ao evitar que o espanhol entrasse no vácuo o seu carro - teria apoio para repetir bons resultados na Red Bull, onde Max Verstappen reina absoluto. A ida de Sainz para a Ferrari (que atravessa uma das piores crises de sua história e parece apostar em Leclerc como o salvador da pátria) pode arrefecer seu progresso. Quanto a Stroll ele só tema ganhar caso Sebastian Vettel, como é esperado, efetivamente assine com a equipe Racing Point para 2021, quando o time levará as cores e o nome da Aston Martin.

    O processo para chegar a tão surpreendente pódio teve origem num erro cometido por Lewis Hamilton e a equipe Mercedes, que não atentaram para a sinalização que proibia a entrada nos boxes. O diretor de prova Michael Mais tem aplicado processos diferentes do que seu antecessor, Charlie Whiting, prática que tem criado situações inéditas e gerado alguma disputa em um cenário onde a superioridade da marca alemã é acachapante. Também se espera novidades nesse time: Toto Wolff confirmou que segue na empresa, mas em cargo e função ainda por definir. Nas entrelinhas entende-se que delegará o controle de operações a um dos seus auxiliares diretos.

    Certamente as próximas etapas dificilmente terão o mesmo grau de emoção do que se viu em Monza domingo passado (veja aquio resultado completo da prova), mas o simples fato de ter acontecido um pódio sem pilotos da Ferrari, Mercedes e Red Bull é um verdadeiro alento, no mínimo um eficiente analgésico para (mais) uma temporada dominada por Lewis Hamilton.

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    Publicado em 08/09/2020


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