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  • 1914: o automóvel vai à guerra
  • A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) marcou a estreia do automóvel como veículo militar. Apesar do conflito ter se caracterizado como uma cruel guerra de trincheiras, o automóvel teve participação importante e, em alguns momentos, decisiva
  • Por Jorge Meditsch

    Este ano marca o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, um dos conflitos mais trágicos da história. A guerra começou em 1914 e só iria terminar quatro anos depois, com um saldo de quase 20 milhões de mortos.

    Envolvendo a Alemanha, França, Itália e Inglaterra como principais participantes, a guerra se espalhou por toda a Europa e chegou à África e Oriente Médio. Os Estados Unidos também participaram e até o Brasil, tardiamente (poucos meses antes da pacificação), chegou a declarar guerra à Alemanha.

    A Primeira Guerra Mundial foi a primeira guerra do automóvel. Embora o conflito não tenha se caracterizado pela mobilidade – foi sobretudo uma guerra de trincheiras – pela primeira vez os exércitos lançaram mão do transporte motorizado.

    O automóvel da época ainda tinha sérias limitações: motores pouco potentes, mecânica pouco resistente e baixa confiabilidade. As estradas eram poucas e péssimas e, por essas e outras razões, a maioria dos deslocamentos de tropas ocorreu por trem ou a pé.

    Nasce o tanque de guerra

    Nas linhas de combate, o automóvel apareceu blindado, capaz de carregar metralhadoras e combatentes para perto das posições inimigas. Muitos veículos eram versões encouraçadas de carros ou caminhões normais. Mas, já em 1915, o primeiro tanque de guerra foi projetado na Inglaterra. O Mark I estreou em combate em 1916 na batalha de Somme. Os franceses logo criaram o seu: o Renault FT, pequeno, mas já trazendo o design clássico com a torre de canhão no alto. Os alemães adotaram a tecnologia já quase no final da guerra, com seu A7V.

    O Mark I usava um motor Daimler de seis cilindros e 13 litros, com modestos 105 cv, que ficava no mesmo compartimento da tripulação. Além dos riscos do combate, os tripulantes enfrentavam a fumaça, barulho ensurdecedor e o calor dentro do veículo. A versão mais pesada do Mark I tinha dois canhões navais montados nas laterais e três metralhadoras leves. A versão leve do tanque inglês tinham duas metralhadoras pesadas no lugar dos canhões.

    Em setembro de 1914, os alemães chegaram a menos de 30 quilômetros do centro de Paris. Mas cerca de seis mil soldados franceses foram levados de taxi até a frente de combate e reverteram a situação, salvando a França da derrota logo no inicio da guerra

    A data não é certa, mas no início de 1918, ocorreu o primeiro combate entre dois tanques da história, envolvendo um veículo inglês e um turco, próximo à cidade de Aleppo (Síria). Outro embate aconteceria em junho, na França, entre tanques franceses e alemães.

    De taxi para a luta

    Apesar de limitada, a participação do automóvel foi decisiva já no início da guerra. Em setembro de 1914, um mês após o início dos combates, o exército alemão chegou aos arredores de Paris, ameaçando tomar a capital francesa. Mas a intervenção de seis mil combatentes, levados à frente de batalha por cerca de 600 taxis – na maioria modelos da Renault – conseguiu reverter a situação. A vitória na batalha de Marne evitou a derrota da França.

    Modelo T

    Os Estados Unidos só entraram na guerra em 1917, aliados à França e à Inglaterra. Mas, já antes disso, a Ford havia fornecido um número limitado de chassis do seu Modelo T, para uso como ambulâncias. O poderio industrial americano se fez presente com nada menos de 60 mil veículos em pouco mais de um ano, dos quais, 15 mil Modelos T.

    O automóvel teve papel decisivo na guerra como ambulância. Um número incontável de vidas foi salvo graças ao transporte rápido das linhas de frente para os hospitais da retaguarda, algo que jamais havia acontecido em outras guerras. Um fato curioso é a quantidade de grandes escritores que foram motoristas de ambulância na Primeira Guerra, entre eles Ernest Hemingway, John dos Passos, Somerset Maugham e Charles Nordhoff.

    Outra utilização dos veículos motorizados foi nos serviços de comunicação. O rádio ainda era pouco desenvolvido na época e seu uso, muito restrito. Por isso, eram importantes os mensageiros, muitos tripulando motos. E, mais ainda, os pombos-correios, que mereciam alojamentos móveis em caminhões e ônibus e eram levados até mesmo nos primeiros tanques.

    Publicado em 16/01/2014

    Arquivo - Um Fiat não blindado, com metralhadora anti-aérea


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