Um veículo muito específico: o novo Troller não é um carro para uso familiar, para andar na cidade ou para fazer viagens longas por estradas asfaltadas. Ele tem uma vocação única e clara: o off-road.
Totalmente recriado pela Ford, do design à engenharia, o novo jipão da marca cearense manteve intacto o espírito de seus antecessores. É um carro forte, com engenharia simples e sem recursos eletrônicos sofisticados de assistência para facilitar sua condução. Por isso, destina-se a uma estirpe especial de motoristas, que apreciam um tipo de veículo que exige experiência e cuidado na utilização, mas que pode dar bastante satisfação a quem souber extrair seu potencial.
O Novo Troller T4 não tem linhas fluidas nem prima pela leveza de seus traços. Sua aparência é funcional, exceto pela aplicação de placas plásticas cinzentas para aumentar a impressão de robustez, detalhe bastante explorado nos falsos fora de estrada que pululam no mercado. Sua carroceria é feita de peças de plástico reforçado com fibra de vidro, com acabamento bastante bom, graças ao novo processo de moldagem a quente introduzido pela Ford.
A base do Troller é um chassi reforçado, feito de perfis de aço com seção retangular. Sobre ela é montada uma estrutura tipo gaiola, de tubos redondos, à qual a carroceria é anexada. Os dois eixos são rígidos e a suspensão bastante simples.
Na estrada
Para entrar no carro é preciso “subir”, já que a cabine é propositalmente alta. Os bancos não são um primor de maciez e, em nosso teste de cerca de duas horas de ruas e estradas, chegaram a parecer algo incômodos depois de algum tempo. A suspensão também não privilegia o conforto, transmitindo bastante os solavancos provocados pelo terreno às costas dos ocupantes. Se entrar na frente já exige algum esforço, quem vai no banco traseiro precisa fazer uma ginástica para se acomodar, apesar do banco dianteiro se deslocar para a frente para abrir espaço de acesso. Um item positivo é o baixo nível de ruído interno e pouca vibração vinda do motor – exceto pelos retrovisores externos, que sacodem bastante. Porta-malas, quase não existe. Sem rebater o banco traseiro, no máximo pode levar duas bolsas ou malas pequenas.
O Novo Troller conta com o mesmo motor diesel 3,2 litros turbo de cinco cilindros usado na picape Ford Ranger, com 200 cv e muito torque em baixa rotação. O câmbio é manual, com seis velocidades. A embreagem é um pouco brusca, é preciso algum tempo de adaptação para arrancar com suavidade. Os engates também não são muito precisos, é preciso ir pegando o jeito para achar o posicionamento correto das marchas intermediárias. O ângulo de esterço é um tanto limitado e, para manobrar, é preciso alguma paciência.
Quem guia o novo Troller pela primeira vez precisa prestar muita atenção num detalhe: os pedais do acelerador e freio são muito próximos. Não é difícil que, ao frear, o motorista pise simultaneamente no acelerador. Com um motor muito forte, isso pode provocar alguns sustos se o pé da embreagem não estiver a postos para cortar a força rumo às rodas com rapidez.
Segurança
Bom nas trilhas de terra ou areia, o jipão não transmite segurança em velocidades altas no asfalto. Ele tende a “passarinhar” nas retas, exigindo constante trabalho na direção para mantê-lo na trajetória. Apesar de ter motor sobrando, não convida a acelerar acima dos 100 km/h.
Para enfrentar pisos piores, tudo o que o motorista precisa fazer é acionar o botão rotativo que fica à frente da alavanca de mudanças, escolhendo entre a tração nas quatro rodas longa ou reduzida, de acordo com o terreno a percorrer. Andamos com ele em trilhas de areia e algumas dunas – embora o percurso não tenha incluído nada muito radical, deu para sentir confiança na máquina, fácil de guiar e controlar até onde experimentamos.
Trilheiros e trolleiros gostam de emoções e de uma dose de risco. É preciso, porém, ter consciência dos limites do carro. O novo Troller tem freios ABS, mas a fábrica optou por não dotá-lo de airbags. A explicação é que, como a lei não os obriga nesse tipo de veículo, “eles não são necessários”. É bom lembrar que o jipão não conta com áreas de deformação para absorver parte da força em choques frontais ou colisão na traseira, o que aumenta o risco para os passageiros em caso de acidente. Outro ponto a considerar é a estrutura da carroceria, que não parece capaz de manter a rigidez em caso de capotagem em alta velocidade, embora possivelmente aguente um tombamento numa situação de off-road, provocado pela inclinação do terreno. O carro é forte, mas não é demais tomar cuidado ao brincar com ele.
Para quem desejar personalizar ou aumentar o potencial fora de estrada do novo Troller, a fábrica oferece uma linha de mais de 130 acessórios, que inclui snorkel (entrada de ar para o motor elevada), guincho, para-choques de aço, pneus lameiros, estribos de aço e bagageiro, além de uma série de protetores – do cárter, câmbio, caixa de transferência, escapamento dianteiro, intermediário e traseiro e tanque para percursos radicais.
O Novo Troller T4 conta com três anos de garantia e a assistência técnica da rede exclusiva da marca, com 19 concessionárias, que deve ser expandida. O preço sugerido é R$ 110.990,00.
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
Modelo:............................... Utilitário T4 2015
Carroceria:.......................... compósito especial SMC
Chassi: ................................ longarinas de perfil retangular
No portas:............................. 3
No passageiros:................... 5
Tração:................................. 4x4 part time com reduzida
Direção:............................... hidráulica de esferas recirculantes
Embreagem: ....................... monodisco seco, acionamento hidráulico, 273 mm
Bateria: ............................... 12 V, capacidade 65 Ah
Alternador:.......................... 14 V, capacidade 110 A
Motor:................................. Ford Duratorq 3.2 l 20V Diesel
Combustível:....................... Diesel S10
Disp. cilindros:................... 5 em linha
Válvulas:............................. 20
Admissão de ar:.................. turbo VNT Intercooler
Injeção:................................ eletrônica – Common Rail Piezoelétrico
Diâm. cilindro:.................... 89,90 mm
Curso êmbolos:................... 100,76 mm
Cilindrada:.......................... 3.198 cm3
Torque:................................ 470 Nm @ 1.750-2.500 rpm
Potência:.............................. 200 cv (147 kW) @ 3.000 rpm
Rot. marcha lenta:.............. 800 ± 150 rpm
Rotação máxima:................ 4.900 rpm
Taxa compressão:.............. 15,5:1 ± 0,5
Transmissão
Tipo:..................................... manual mecânica
No. marchas:....................... 6 à frente e 1 à ré
Relações de transmissão:..
1ª:.......................................... 5,441:1
2ª:.......................................... 2,839:1
3ª:.......................................... 1,721:1
4ª:.......................................... 1,223:1
5ª:.......................................... 1,000:1
6ª:.......................................... 0,794:1
Ré:........................................ 4,935:1
Rel. final:............................. 3,31:1
Relações de transferência
Normal:................................ 1,000:1
Reduzida:............................ 2,720:1
Rel. diferencial:.................. 3,31:1
Pesos e Rendimentos
Peso em ordem marcha (kg):
Total:.................................... 2.140
Dianteira:............................. 1.091
Traseira:............................... 1.049
Carga útil:............................ 420
Peso Bruto Total:................ 2.560
PBT Combinado:................ 5.100
Massa máxima indicada nos eixos (kg):
Dianteiro:.................................................... 1.279
Traseiro:...................................................... 1.385
Cap. máx. reboque sem freios:................. 750
Cap. máx. reboque com freios:................ 2.400
Carga máx. bagageiro teto:....................... 150
Tanque de combustível (L):..................... 62
Consumo de combustível (km/l)
Urbano:........................................................ 8,85 (NBR 6601)
Rodoviário:................................................. 11,93 (NBR 7024)
Aceleração 0–100 km/h:........................... 12,3 s
Nível de ruído dB(A)
Marcha lenta:.............................................. 50,7
Cruzeiro (120 km/h).................................. 74,2
Nível de emissões:..................................... Proconve L6
Freios
Servofreio:.......................... 10"
Cilindro mestre:.................. 22,2 mm
Circuito hidráulico:........... duplo independente com ABS e EBD
Freios dianteiros: .............. disco ventilado, 302 mm
área disco: 402,19 cm²/ área pastilhas: 76 cm²
Freios traseiros:.................. disco rígido, 305 mm
área disco: 356,3 cm²/ área pastilhas: 50,25 cm²
Estacionamento:................. acionamento anual, atuação nas rodas traseiras
Suspensão
Dianteira:............................. eixo rígido, com barra estabilizadora e barra panhard, molas
helicoidais, amortecedores hidráulicos de dupla ação, eixo
flutuante Dana 44-3
Traseira:............................... eixo rígido, com barra estabilizadora e barra panhard, molas
helicoidais, amortecedores hidráulicos de dupla ação, eixo
semiflutuante Dana 44-4
Rodas:......................................................... liga leve 17"x8"
Pneus:.......................................................... 255/65 R17 (70% on-road/ 30% off-road)
Dimensões (mm)
Distância entre eixos:................................ 2.585
Comprimento total:.................................... 4.095
Largura com retrovisores:........................ 1.977
Altura com bagageiro:............................... 1.966
Balanço dianteiro:..................................... 600
Balanço traseiro:........................................ 655 (s/ estepe)
Bitola do eixo dianteiro:........................... 1.565
Bitola do eixo traseiro:............................. 1.565
Vão livre solo sob os eixos:..................... 227 (dianteiro) 208 (traseiro)
Vão livre solo no entre-eixos:................. 316
Capacidades
Ângulo de entrada:.................................... 51º
Ângulo de saída:........................................ 51º
Ângulo transposição rampa:.................... 30º
Inclinação lateral máxima:....................... 40º
Rampa máxima:.......................................... 45º
Travessia na água:..................................... 800 mm
Raio de giro mínimo:................................. 6.350 mm
Dimensões internas (mm)
Espaço pernas dianteiro:.......................... 1.054
Espaço cabeça dianteiro:.......................... 960
Espaço quadris dianteiro:......................... 1.395
Espaço ombros dianteiro:......................... 1.460
Espaço pernas traseiro:............................. 794
Espaço cabeça traseiro:............................ 965
Espaço quadris traseiro:........................... 1.290
Espaço ombros traseiro:........................... 1.378
Porta-malas
Largura máx.:..................................................................... 1.208 mm
Largura mín. ...................................................................... 1.163 mm
Altura do assoalho ao teto:.............................................. 900 mm
Volume com bancos posição normal:............................ 134 L/ 159 L (até o teto)
Volume com banco traseiro rebatido: 558 L/ 950 L (até o teto)
Publicado em 20/07/2014
Claudio Larangeira -