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  • Com um SUV e um sedã médio lançados no final de 2018, a CAOA Chery quer competir para valer no Brasil
  • Por Jorge Meditsch

    Os chineses chegaram e estabeleceram sua primeira cabeça de ponte no Brasil. A CAOA Chery não é a primeira ofensiva no país do que o futuro chanceler brasileiro chama de globalismo maoísta: aqui já estão, de alguma forma, a Lifan e a JAC, por exemplo. Mas a compra da fracassada operação da Chery pelo ousado Carlos Alberto de Oliveira Andrade, responsável pela abertura das portas brasileiras à coreana Hyundai, tem peso muito maior.

    Dois lançamentos encerraram o ano da CAOA Chery e prometem mexer com o mercado: o sedã médio Arrizo e o SUV Tiggo 5X, também de médio porte. SUVs são o ‘must’ do mercado e, por isso, o Tiggo 5 é o que merecem mais atenção.

    Como ocorre com outros grupos automotivos globais, a Chery também adota uma plataforma que serve para vários tipos e tamanhos de veículo. O Tiggo 5X tem tamanho intermediário, o preferido pela classe média brasileira, seja pela praticidade, seja pelos preços. Ele usa um motor turbo 1,5 litro com 150 cv e câmbio de dupla embreagem de seis marchas – uma receita adotada originalmente no VW Tiguan, um dos melhores SUVs do segmento. Hoje a VW adota um câmbio automático convencional, uma pena.

    Em nosso brevíssimo contato com o carro, na pista de testes da fábrica em Anápolis, Goiás, o Tiggo 5 agradou bastante nas acelerações e retomadas. Nas curvas, a direção se mostra precisa, mas a inclinação parece um pouco exagerada. O acabamento exterior e interno pareceu bastante bom e um grande teto solar dá um toque de requinte ao carro.

    Arrizo 5: parecido, mas diferente

    O motor 1.5 turbo é o mesmo para o SUV e o sedã. Mas o câmbio de dupla embreagem do Tiggo 5X coloca sua dirigibilidade bem acima da do Arrizo

    Montado na mesma fábrica (que, aliás, continua fazendo modelos da Hyundai), o Arrizo usa o mesmo motor que o Tiggo 5X, mas decepciona um pouco pela adoção do câmbio de variação contínua em lugar da caixa de dupla embreagem do SUV, que é muito mais ágil. Nada contra os câmbios CVT, que em geral visam maior economia, mas no caso do Arrizo, a opção matou o prazer ao dirigir.

    O Arrizo 5 também não entusiasma pela dirigibilidade: é um sedã honesto para uso urbano – um bom Uber, comentaram alguns dos jornalistas presentes ao lançamento. Mas sedãs não têm importância fundamental no mercado brasileiro e a CAOA Chery deve apostar mais pesado no Tiggo.

    Como é tradição do grupo CAOA, o lançamento do Tiggo 5X está sendo marcado por forte ofensiva publicitária, com anúncios agressivos e ambiciosos em que o novo modelo é comparado a nada menos que o Audi Q3, mostrando uma lista de equipamento de série maior que o modelo alemão. Isto, evidentemente, não prova muita coisa, mas pode impressionar o público leigo, que compra SUVs por metro cúbico e pelo preço: enquanto o Audi Q3 na versão básica custa R$ 135 mil, o chinês está disponível por ‘modestos’ R$ 97 mil.

    A China e a globalização: oito séculos no mercado ocidental

    Só para encerrar, muita gente acha que a globalização da economia é um processo iniciado nos anos 90. Poucos se lembram que a América e o Brasil foram descobertos pelos europeus que procuravam caminhos melhores para o Oriente – nele incluída a China. Bem antes dos descobrimentos, por volta de 1200, já havia um intenso comércio de produtos chineses com a Europa – sedas e porcelanas e outras coisas eram levadas por caravanas através de milhares de quilômetros. Naquele tempo, a China estava sob dominação dos mongóis, um povo que implantou a globalização na Eurásia com suas invasões que chegaram à Hungria.

    Para quem fica alarmado com a produção na China de celulares e outros eletrônicos, naquela época os chineses produziam, a pedido de comerciantes europeus, imagens de Nossa Senhora com o Menino Jesus ao colo, bem mais barato do que as feitas por italianos, alemães, espanhóis e portugueses. Nem por isso, o mundo acabou nem passou a falar mandarim.

    Publicado em 22/12/2018

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