No mundo dos carros, não existe nada mais ortodoxo que o Porsche 911. O modelo ícone da marca alemã carrega, desde seu lançamento, na década de 1960, um design inconfundível e uma arquitetura que, se fosse proposta hoje, seria considerada absolutamente irracional: o motor pendurado atrás do eixo traseiro.
O 911 e seu antecessor, o Porsche 356, nasceram como uma opção esportiva do Fusca. Mesmo assim, já na década de 1950, a Porsche produziu um modelo de competição muito mais racional, o Spyder, com o motor entre eixos. Há alguns anos, eu entrevistei alguns dos primeiros donos de Porsche brasileiros e todos eles lembraram da tendência do carro sair violentamente de traseira. Isso se acentuou à medida que os motores ficaram mais potentes e impetuosos, sempre desejando andar à frente do 911 ao entrar nas curvas.
A engenharia alemã tem uma tradição de grande eficiência e, mexe daqui, mexe dali a Porsche conseguiu amansar o temperamento de seu carro símbolo. Hoje, sem nenhuma concessão em termos de desempenho, o 911 faz curvas com bastante segurança. Mas melhor faria se o motor ficasse no meio do carro.
Na semana passada, o 911 entrou em sua oitava geração. Há quem diga que talvez seja a última, que os Porsches do futuro serão elétricos e que o modelo icônico não será adaptado para esse tipo de propulsão. O tempo dirá.
Design: novo, mas nem tanto
Certamente, os fãs e clientes do Porsche 911 não queriam nem irão querer nunca uma aparência radicalmente modificada. Então, os designers da marca deram a eles uma cara que volta aos primeiros anos do modelo, principalmente na parte dianteira. O capô volta a ter um rebaixo na parte central e os faróis estão mais empinados, como nas primeiras gerações do carro.
De forma geral, a carroceria está mais acinturada, com a traseira com ‘quadris’ mais largos e arrematada por um novo design das lanternas, que inclui uma faixa luminosa de lado a lado. Há também uma asa com posicionamento variável.
Por dentro, mais uma manifestação nostálgica. O painel tem inspiração no dos primeiros 911, mesmo com os instrumentos acompanhados por uma nova tela digital. Os bancos têm menor espessura, para economizar peso.
Digitalização: novidades
Recursos digitais podem ser determinantes na decisão de compra de muitos carros, mas certamente não têm tanta importância assim para um Porsche. Assim, parece que a fábrica decidiu fazer alguns anúncios não muito importantes, como a chamada navegação online baseada em inteligência coletiva – coisa já disponível para plebeus na forma do Waze e do Google Maps.
Interessante é o modo Wet, uma função que detecta água na pista e condiciona o carro para reagir de forma cautelosa. Pela primeira vez, a Porsche oferece – como opcional – o assistente de visão noturna, que nos Audis, por exemplo, já existe há coisa de uma década.
Três aplicativos também podem ser adquiridos: o Porsche Road Trip, que organiza passeios e viagens, o Porsche 360 , um assistente de estilo de vida, e o Porsche Impact, para clientes preocupados com o meio-ambiente, que mede a ‘pegada’ de CO2 do usuário.
Motores: mais força
Uma nova geração de Porsches, obviamente, teria que ter motores mais poderosos do que nunca. Sem fazer mudanças radicais, os engenheiros de Stuttgart deram uns 30 cv a mais ao motor da versão Carrera S, que atinge agora 450 cv, disponibilizando 530 Nm de torque. Muita diversão ao pisar no acelerador... O câmbio de dupla embreagem passa a ter oito marchas, para aproveitar ainda melhor todo esse poderio.
Quer um relógio: corra!
Comemorando a chegada da nova geração, a Porsche Design vai lançar uma edição especial de um relógio de pulso limitada a 911 peças: o "911 Chronograph Timeless Machine Limited Edition". Evidentemente, o design é inspirado no modelo, principalmente o mostrador e os ponteiros, derivados do painel do carro. O couro da pulseira é o mesmo usado no estofamento do 911. Interessados fiquem atentos: o relógio começa a ser vendido em abril e não deve durar nas prateleiras. Mesmo com preço salgado – ainda não revelado.
Publicado em 04/12/2018
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