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  • Em meio à maior crise da história, a indústria automotiva celebra o Salão do Automóvel de 2016
  • Por Jorge Meditsch

    Salão é festa. A festa do automóvel. E em festas, gostamos de ver coisas novas, bonitas e empolgantes. Mesmo nesses tempos de crise, o Salão de São Paulo não decepciona. Poderia ser melhor? Claro que sim. Mas não falta o que ver e conhecer dentro da nova sede do evento, no início da Rodovia dos Imigrantes.

    Começando pelos estandes, eles são grandes, não muito maiores do que eram no pavilhão do Anhembi, mas em novas configurações. Dá para sentir que foram projetados sem que os arquitetos tivessem uma ideia concreta do local – serão melhores daqui a dois anos – mas não deixam a desejar. De certo modo, refletem a personalidade das marcas e preservam um pouco a atmosfera de salões anteriores.

    O Salão de 2016 é o salão da crise, que inibiu bastante tanto a apresentação de lançamentos realmente quentes como a de carros conceitos nacionais relevantes e com potencial de tornarem-se reais num futuro visível. Lutando para não afundar ainda mais, as fabricantes locais não se aventuram a especular com novas tecnologias que estão mexendo com suas matrizes no Hemisfério Norte, em especial a eletrificação do automóvel. Não faltaram alguns modelos nessa área, sejam protótipos ou carros já no mercado, mas não é previsível que eles cheguem a nosso mercado num horizonte próximo.

    Nas apresentações à imprensa, muita ênfase em conectividade com pitadas de novidades, mas nada que leve alguém a decidir sua compra. A ligação carro-celular virou lugar comum: é essencial, pode ser maior ou menor, mas não é mais um tema palpitante. Serviços de informação e assistência como os da Ford e Chevrolet são interessantes, mas nem todo o consumidor está disposto a pagar por eles, direta ou indiretamente.

    Vale a pena ir ao Salão? Sempre vale a pena. O Salão tem luzes, cores, gente famosa, moças bonitas e carros. Carros e mais carros, com certeza aquele com que você sonha, aquele que almeja ter nos próximos anos e aqueles inacessíveis, que apenas merecem ser admirados.

    Alguns modelos, é claro, vão ficar marcados como destaques da mostra. Arriscando esquecer algum, dá para citar vários.

    Hiperluxo

    Uma dupla alemã se destaca entre os carros de maior luxo e status do Salão de 2016. A Mercedes apresentou o novíssimo S 500 Maybach, seu sedã topo de linha, derivado do S 500. Ele ganhou 20 cm adicionais de distância entre eixos e mede impressionantes 5,453 m de comprimento. O espaço ganho reverteu numa área de passageiros de conforto superlativo, onde os dois ocupantes da parte de trás viajam em grandes poltronas reclináveis, com apoios para os pés, massagem e regulagens em todos os sentidos imagináveis. Eles contam também com mesinhas dobráveis como as dos aviões e uma geladeira entre os dois assentos, controles de som e ar-condicionado individuais e outros afagos.

    A Mercedes havia relançado a marca Maybach há alguns anos com uma linha de sedãs e limusines aspirando a competir com o Rolls Royce e o Bentley. Apesar de serem considerados até mesmo superiores aos “ingeleses”, os carros não fizeram sucesso. Agora a Maybach passa a ser a indicação de uma classe hiperluxuosa dos sedãs da Mercedes. O preço do carro exposto fica em torno de R$ 1,3 milhão, podendo aumentar bastante se o comprador quiser customizar o carro, para não ficar parecido com todo mundo.

    Seguindo doutrina paralela, a Audi trouxe seu A8 L, a versão alongada do sedã topo de linha da marca das argolas. É o carro usado pelo presidente da Alemanha, o que já diz alguma coisa. A opção mais cara, com o motor W12 6.3 FSI de 500 cavalos, sai por R$ 749.900, e “popular” V6 3.0 TFSI de 310 cv, por R$ 457.300.

    Eletricidade, no futuro e agora

    SUVs compactos são os lançamentos mais importantes para o mercado brasileiro mostrados em São Paulo. Dá para prever uma acirrada concorrência pela preferência dos consumidores no ano que vem

    Voltado para um futuro não muito distante, o conceito Volkswagen Budd-E é uma minivan movida apenas por eletricidade e conta com baterias capazes de lhe dar uma autonomia de 500 quilômetros e serem recarregadas até 80% de sua capacidade em apenas 30 minutos. O carro tem dois motores e tração permanente nas quatro rodas. Alguns enxergaram nele um substituto para a saudosa Kombi, mas sua aparência e design não são tão semelhantes assim. Por dentro, abundam itens com tecnologia de vanguarda na área da interação, com telas gigantes, além de bancos giratórios que permitem aos passageiros conversarem frente-a-frente.

    A Volkswagen preconiza ter pelo menos um terço de sua frota totalmente eletrificada dentro de apenas cinco anos.

    Já a Kia mostrou o Soul EV, uma versão do “carro design” que não usa combustíveis fosseis e já está no mercado. Ele tem autonomia de mais de 200 km na cidade e também pode ser recarregado 80% em 30 minutos. Tração dianteira.

    Das pistas

    Os dois carros que lideram o Campeonato Mundial de Endurance são destaques nos estandes de suas respectivas marcas, a Porsche e a Audi. A categoria é a mais sofisticada tecnicamente do automobilismo mundial, utilizando recursos mais abrangentes que os disponíveis na Fórmula 1 nos seus trens de força híbridos. O Porsche 919 Hybrid tem motor a gasolina V4 de dois litros, associado a um motor elétrico e dois sistemas de recuperação de energia. Já o Audi R18 tem motor diesel V6 com quatro litros e motor elétrico conjugado. Os dois modelos são construídos em fibra de carbono, material extremamente leve.

    Possivelmente, esta será a última oportunidade para ver de perto o protótipo da Audi: a marca deixa o WEC no final desta temporada, para dedicar-se à Fórmula E, categoria de monopostos totalmente elétricos. Além disso, a concorrência entre a Audi e a Porsche criava uma situação estranha dentro do Grupo Volkswagen, dono das duas marcas, que bancava os orçamentos milionários das equipes.

    Correndo por fora – e menos – figura o belo Ford GT, trazido para o Salão num vistoso amarelo. O carro, de produção limitada, foi lançado para comemorar a vitória arrasadora do Ford GT 40 na 24 Horas de Le Mans de 1967. Na mesma prova, este ano, o novo Ford GT venceu novamente, mas em sua categoria, não na geral.

    Também em amarelo, o Renault Sport R.S. 01 é um protótipo com motor V6 com algo entre 500 e 600 hp que corre numa categoria própria na Europa. Perto dele, o Renault Fórmula 1, que ainda não mostrou serviço nesta temporada, também está no estande da marca francesa. Aliás, outro F1 de desempenho apenas um pouco menos pálido está no estande da Honda.

    Para valer

    Uma penca de SUVs compactos na “categoria EcoSport” se destacou entre os lançamentos para o mercado brasileiro. A Honda mostrou seu HR-V, que deverá enfrentar uma séria concorrência do Hyundai Creta, do mesmo porte e faixa de preço (em torno dos R$ 80 mil). A chinesa Chery promete produzir em Jacareí o Tiggo, com o atraente preço de R$ 50 mil. E a Renault mostrou o Captur, que chegará em março custando uns R$ 90 mil.

    Para ver mais fotos do Salão, clique abaixo para abrir a galeria associada.

    Publicado em 16/11/2016

    Claudio Larangeira - Chery Tiggo


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